A cannabis pode estar associada à disfunção cognitiva em idosos? 

A cannabis pode estar associada à disfunção cognitiva em idosos? 

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Diferente do que muitos pensam, estudos têm indicado que a exposição à cannabis não causa um declínio cognitivo na população mais idosa.

O uso de cannabis entre adultos mais velhos pode não ter um efeito tão impactante na função cognitiva.

Esse é o resultado de uma nova revisão publicada no final do ano passado na Archives of Clinical Neuropsychology. 

Ao revisar uma combinação de testes em humanos e animais, os pesquisadores analisaram os estudos para examinar criticamente a extensão da literatura sobre este tópico e destacar áreas para pesquisas futuras sobre o efeito da exposição à cannabis em pessoas com idade mais avançada.

Seis artigos relataram descobertas para populações mais velhas, destacando a falta de pesquisas nesta área.

De acordo com os pesquisadores, os testes em humanos revelaram resultados nulos, provavelmente devido a várias limitações metodológicas.

Mas o que é disfunção cognitiva?

A síndrome da disfunção cognitiva (SDC) ou declínio cognitivo é um distúrbio neurodegenerativo associado ao envelhecimento das células do sistema nervoso e está associado a mudanças comportamentais, cronicamente progressivas, e não relacionados a outras doenças encefálicas.

O problema tem se tornado cada vez mais frequente, principalmente em função do envelhecimento da população como do aumento no número de procedimentos cirúrgicos em idosos propiciados pelo avanço nas tecnologias médicas.

Esse tipo de déficit de memória deve ser entendido como uma perda discreta de memória, não demencial, cuja causa vai desde estresse e noites mal dormidas até fases iniciais de processos da doença de Alzheimer.

Quais os resultados dos testes?

Pesquisas com roedores melhor controlados indicam que a relação entre o THC e a função cognitiva no envelhecimento saudável depende da idade e do nível de exposição ao canabinoide

Doses extremamente baixas de THC melhoram a cognição em roedores muito idosos.

De acordo com os profissionais, as doses crônicas um pouco mais altas melhoram a cognição em roedores com idade moderada. 

Nenhum estudo examinou os efeitos do canabidiol (CBD) ou da cannabis com alto CBD na cognição.

Em conclusão, os autores disseram que sua revisão examinou a pesquisa atual sobre a relação entre o uso de cannabis e a função cognitiva no envelhecimento saudável e fornece um ponto de partida para pesquisas futuras, conforme citado pela National Organization for the Reform of Marijuana Laws (NORML).

“Em última análise, dado o recente aumento no uso de cannabis entre adultos mais velhos, pesquisas que estão por vir. Feitas em humanos, devem examinar a relação entre o uso de cannabis na infância e na idade avançada na função cognitiva, em amostras mais homogêneas de adultos mais velhos que usam cannabis” , escreveram eles.

O que dizem outros estudos sobre o uso de cannabis e disfunção cognitiva em idosos?

Um estudo feito em 2018 descobriu que o uso da planta entre americanos mais velhos tem aumentado com o passar dos anos, tanto nos estados onde a proibição foi suspensa nos Estados Unidos, quanto onde permanece. 

A pesquisa descobriu que os homens americanos com idades entre 60 e 64 anos tinham a maior taxa de uso de cannabis, com quase 13% relatando ter usado nos últimos 30 dias, quase um aumento de 9% desde o ano de 2016. 

Outro estudo publicado no ano passado apresentou resultados semelhantes. Esse estudo, publicado na JAMA Internal Medicine, descobriu que “o uso de cannabis em 2020 por adultos com 65 anos ou mais nos Estados Unidos aumentou drasticamente de 0,4% em 2006 e 2007 para 2,9% em 2015 e 2016”. 

Além do aumento da legalização e da queda no estigma criado em torno da planta, o uso de maconha entre adultos mais velhos é, de certa forma, um par lógico.

Afinal, o envelhecimento pode causar dores crônicas, que costumam ser tratadas com medicamentos tradicionais. 

Mas dados levantados no ano passado de um grupo de pesquisadores israelenses também pode ter proporcionado paz a esses pacientes mais velhos de cannabis.

Os pesquisadores descobriram que não há nenhuma diferença na função cognitiva entre os grupos de pacientes com dor crônica com 50 anos ou mais que possuem licenças de cannabis medicinal e um grupo separado daqueles que não têm essa licença.

“Levando em consideração o uso crescente de cannabis medicinal em populações mais velhas, este estudo poderia ser um primeiro passo para uma melhor avaliação de risco-benefício do tratamento com essa planta nessa população”, escreveram os pesquisadores em sua conclusão.

 “Estudos posteriores a esses são necessários para esclarecer ainda mais as implicações do uso da planta na idade avançada para a saúde do cérebro.” acrescentou os profissionais. 

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Referencia

  • High Times

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