A história do cânhamo na América

A história do cânhamo na América

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A história do cânhamo na América começa antes da chegada dos colonos Europeus. O cânhamo já era cultivado por nativos americanos.

As fibras de cânhamo são fortes e de longa durabilidade, então os nativos americanos cultivavam para produzir fios, cordas, roupas, papel e alimentos de cânhamo.

O primeiro registro do uso de cânhamo pelos americanos vem de 1632, conforme era determinado pela Assembleia da Virgínia ”que todo plantador, forneça sementes de linho e cânhamo e continuar plantando.” Pouco tempo depois, os tribunais de Massachusetts e Connecticut incentivaram os agricultores a evoluir no cultivo e processar a planta.

O cânhamo foi exportado para a Inglaterra onde foi usado para produção de roupas, sapatos, mapas, livros, cordas de navios, correias de para-quedas, bagagem, velas e tendas. Por mais de 200 anos, o cânhamo foi considerado uma moeda legal que poderia ser usado para pagar impostos.


Conforme o relacionamento entre a Grã-Bretanha e as colonias americanas diminuía, o cânhamo caseiro era usado como produtos benéficos para tropas terrestres e forças navais.

Como os Estados Unidos ganhou independência sobre a Grã-Bretanha no final do seculo XVIII, o cânhamo permaneceu disponível para os Americanos.

George Washington (o primeiro Presidente dos Estados Unidos)  e Thomas Jefferson (o terceiro presidente dos Estados Unidos) cultivaram cannabis em suas plantações, e Benjamin Franklin começou uma das primeiras fábricas de papel dos Estados Unidos.

Segundos alguns historiadores, os primeiros rascunhos da Declaração de Independência foram escritos em papel de cânhamo.

Cânhamo nos séculos XIX e XX

O uso de cânhamo na América aumentou ao longo do seculo XIX. A produção de cânhamo na América se espalhou para mais estados, como Illinois, Califórnia e Nebraska.

O congresso aprovou uma lei em 1841 que ordenava que a Marinha comprasse cânhamo de agricultores domésticos.

As inovações tecnológicas incluindo o Hemp Dresser e a máquina Decorticator revolucionaram a indústria e melhoraram a eficiente no processo de colheita e fabricação.

No incio do seculo XX o cânhamo na América estava em alta. Um artigo da revista Popular Mechanics publicado em fevereiro de 1938 dizia que o cânhamo cultivado no país poderia eventualmente chegar a 1 bilhão de dólares.

Desaceleração da Indústria americana

Ao longo do seculo XX, estados individuais e o governo federal dos EUA começaram a criminalizar tudo relacionado a cannabis.

Devido à ligação familiar do cânhamo com a maconha e a falta de conhecimento sobre a diferença entre as plantas, leis foram implementadas proibindo todo crescimento da cannabis.

O domínio doméstico do cânhamo nos EUA diminuiu em 1937 quando, em um esforço para regular as variedades intoxicantes da cannabis, o governo dos Estados Unidos aprovou a lei de impostos sobre a cannabis.

Embora a lei tributaria sobre a cannabis não proibisse o cultivo de cânhamo, adicionou um imposto de transferência de 100 dólares sobre as vendas, o que prejudicou os agricultores domésticos.

Na mesma época surgiu as fibras sintéticas. As importações baratas de qualidade inferior, que passou a ser uma norma para os fabricantes e a demanda por cânhamo de qualidade nos EUA continuou baixa.

Ressurgimento durante a Segunda Guerra Mundial

Com os Estados Unidos entrando em guerra mundial em 1941, o cultivo de cânhamo do país ressuscitou.

O Japão cortou suprimentos de cânhamo das Filipinas, forçando os EUA a procurar seus próprios agricultores para produção de cânhamo.

O governo federal lançou uma campanha pró-cânhamo, que incluiu a distribuição de 4 00,000 libras de sementes e o lançamento do filme “cânhamo pela vitória” para incentivar os agricultores americanos a cultivar o máximo de cânhamo possível para o esforço de guerra.

Entre 1942 e 1946 os agricultores americanos de Wisconsin a Kentucki produziram 42,000 toneladas de fibras de cânhamo anualmente.

Infelizmente, o retorno do cânhamo terminou tao rápido quanto começou. Depois da guerra, a demanda por fibra domestica não existia mais e muitos agricultores do Centro-Oeste tiveram contratos de vendas cancelados.

Leis do cânhamo atualmente

Apenas recentemente, o cânhamo se tornou legal para crescer e usar nos Estados Unidos de acordo com a lei federal.

Em 1970, o governo dos EUA aprovou a Lei de Substâncias Controladas, uma forma de controlar a distribuição da cannabis, incluindo o cânhamo industrial.

No entanto, o termo ”maconha” foi retirado do registro. Esta decisão também excluiu certas partes do cânhamo, como semente de cânhamo esterilizada, fibra de cânhamo e óleo de semente de cânhamo da regulamentação.

Depois de quase um século de proibição do cultivo de cânhamo na América, as variedades da planta está começando a ter espaço novamente.

Com a aprovação do Projeto de Lei Agrícola de 2014, os estados passaram a ter a permissão das leis para cultivar cânhamo para pesquisas.

Então, quando o cânhamo se tornou legal nos EUA? Apenas alguns anos atrás.

A aprovação do projeto de lei agrícola de 2018, removeu o cânhamo da Lei de Substâncias Controladas, revendo a relação dos EUA com produtos de cânhamo.

A lei legalizou para os agricultores dos EUA cultivar, processar e vender comercialmente. Também legalizou em todo o país para qualquer uso, incluindo a extração de óleo CBD.

Até o momento, mais de 40 estados aprovaram a legislação relacionada ao cultivo de cânhamo e o mercado nacional de cânhamo foi avaliado em mais de 688 milhões em 2016.

Os produtos alimentícios de cânhamo são considerados uma das 10 principais tendências alimentares de 2019, e o mercado de CBD derivado do cânhamo está a caminho de atingir 22 bilhões até 2022.

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