Condição do senador José Serra pode ser tratada com a cannabis

Condição do senador José Serra pode ser tratada com a cannabis

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Em países onde o acesso à cannabis é maior, pacientes já fazem o uso do tratamento alternativo. No Brasil, algumas pesquisas clínicas já estão sendo feitas.

Na última terça-feira (10) o senador José Serra divulgou uma nota oficial onde justificava o seu afastamento do cargo por quatro meses. O motivo foi um diagnóstico de Parkinson em estágio inicial. 

Segundo a nota, o  período de quatro meses é o tempo que ele levará para se adaptar  às medicações, além de tratar o seu distúrbio de sono. 

Em um trecho do comunicado divulgado pela sua equipe, diz que o período de afastamento é apenas para a adaptação. “O senador está seguro de que, ao final desse período, retomará suas atividades com toda a disposição e proatividade que vêm pautando sua atuação no Senado desde 2015”.

Foto: Denio Simoes – Valor

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial sofre com a doença. No Brasil, são mais de 200 mil ocorrências.

Ela geralmente aparece pela faixa dos 55 anos, mas a prevalência aumenta nos 70. No entanto, cerca de 4% dos pacientes podem desenvolver a doença ainda antes dos 50 anos.

Mas como exatamente é essa doença? É possível tratá-la com cannabis?

O que é o Parkinson 

Parkinson é uma condição que atinge o Sistema Nervoso Central (SIC) e compromete os movimentos. A síndrome é a segunda doença neurodegenerativa que mais causa demência no mundo, a primeira é Alzheimer.

Doenças neurodegenerativas são caracterizadas pela destruição dos neurônios de maneira irreversível e progressiva. Dependendo da doença, o paciente pode começar a perder as funções motoras, fisiológicas e, claro, cognitivas.

O Parkinson não é gerado de uma hora para outra, ele nasce de um processo lento ao longo da vida, mas os seus sintomas só aparecem depois da meia idade, como no caso do Senador.

A condição é ocasionada pela morte de células em uma parte do cérebro chamada de “Substância Negra”, é lá que a produção de um neurotransmissor chamado dopamina acontece. É ele que controla a parte motora e também outras funções do nosso corpo.

Sintomas e tratamentos

Os sintomas podem variar de acordo com os pacientes, mas por se apresentar de maneira lenta, muitos nem se lembram quando começou. No entanto, geralmente, os primeiros sinais aparecem quando os movimentos começam a ficar lentos e as extremidades das mãos começam a tremer.

Sintomas que geralmente são percebidos por parentes e amigos. Contudo, a rigidez muscular, dificuldade para engolir e falar, redução na quantidade dos movimentos, tontura e alguns distúrbios como de urina, de sono e respiratórios, também podem ser identificados pelo próprio paciente.

O diagnóstico geralmente é uma tarefa difícil, pois os sintomas podem estar relacionados a outras doenças similares. Ou então por sua origem, apesar da maioria dos casos serem causados por mutações dos gêneros, fatores ambientais e genéticos também podem ocasionar a síndrome.

Foto: Reprodução

Sem contar que  não tem cura e nem medicamentos para a prevenção. Por isso, o tratamento é direcionado para os alívios dos sintomas e também a redução da progressão da doença.

Por isso, é recomendável criar uma série de hábitos que ajudam a memória e o corpo, como a leitura frequente, acompanhar os jornais e a prática de atividades físicas. Mas se perceber os sintomas, é hora de seguir um tratamento, pois apenas as recomendações não bastam. 

O tratamento pode ser feito através de remédios neuroprotetores que ajudam a evitar a diminuição do neurotransmissor assim como repor a dopamina. Psicoterapias também são bem-vindas como tratamento.

Cannabis como tratamento

No entanto, nem sempre o tratamento é eficaz. Os remédios podem diminuir com o tempo para uma grande parcela de pacientes, além de gerar efeitos colaterais, como a ampliação dos movimentos involuntários.

Por isso, a cannabis pode servir de alternativa. De maneira simples, ela pode ser eficaz para a redução dos sintomas pois ela ajuda a regular as alterações químicas que acontecem com a redução dos níveis da dopamina do cérebro. 

A cannabis tem uma função neuroprotetora, que auxilia tanto nas atividades motoras quanto não motoras, o que poderia ser útil para o Senador.

Apesar da necessidade de estudos mais amplos, o pessoal da terceira idade já aderiu ao método. Basta nos lembrarmos do vídeo de Larry Stmith, que viralizou com mais de 40 bilhões de visualizações em 2016. No vídeo, o paciente que viva com Parkinson há 20 anos, tremia e tinha dificuldades para falar e se locomover.

Para entender de forma mais detalhada como a cannabis age no organismo, é preciso compreender que o nosso corpo possui um sistema chamado Sistema Endocanabinoide, que através dos canabinoides, produzidos por nós mesmos, podem regular várias funções do nosso organismo a nível celular.

Por causa do baixo nível de dopamina, o Parkinson pode causar alterações neuroquímicas neste sistema, que se agravam de acordo com a evolução da doença.

Os cientistas descobriram que os canabinoides são encontrados em grande quantidade no cérebro, mais especificamente na substância negra mencionada acima. Por isso, eles podem modular as alterações ocasionadas pela condição.

A cannabis também possui canabinoides. Quando entram no nosso corpo, eles podem fazer a mesma função, agindo como uma espécie de reforço.

Os canabinoides possuem também propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que ajudam a restabelecer a função neural. No entanto, ainda faltam pesquisas mais amplas.

Alguns estudos pré-clínicos sugerem que dependendo do estágio da doença, o óleo de cannabis pode modular as alterações neuroquímicas que acontecem por causa do baixo nível de dopamina, um tipo de neurônio prejudicado pelo Parkinson.

Veja os estudos no nosso artigo sobre Parkinson.

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