“Me considero um guerreiro lutando para sobreviver”, diz paciente com Parkinson que teve melhoras com a cannabis

“Me considero um guerreiro lutando para sobreviver”, diz paciente com Parkinson que teve melhoras com a cannabis

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

O consultor automotivo conta que após a cannabis a sua qualidade de vida melhorou muito. Hoje, o extrato da planta é o seu principal remédio

“Me considero um guerreiro lutando para sobreviver”, diz paciente com Parkinson que teve melhoras com a cannabis
Foto: Arquivo Pessoal

Salatiel Oliveira, de 43 anos, utiliza a cannabis há um tempo para controlar o Parkinson. Evangélico e uma vez pastor, foi através da sua história que ele conseguiu desmistificar a planta não só para a sua família, mas também para toda a sua congregação. 

Para alguém que foi proibido de dirigir, hoje o baiano morador de Itaquaquecetuba é consultor de produtos automotivos e treina equipes em todos os cantos de São Paulo.

Mas para isso, foi necessário um longo caminho. 

Caso raro

Salatiel foi diagnosticado com Parkinson aos 38 anos, quando a doença estava avançada e os sintomas já tomavam conta do seu corpo. Mas, segundo o consultor, a doença começou a se manifestar quando ainda tinha 24 anos e só pioraram. 

Além dos tremores e reações involuntárias, Salatiel também tinha insônia, falta de apetite e passou a ter um quadro depressivo. E os remédios para controlar os sintomas só pioravam.

Teimoso, ele lutou para ir ao médico até não poder mais. O Parkinson é uma doença neurológica e progressiva, que atinge o sistema nervoso central e compromete os movimentos. 

De acordo com a neurologista Karime Luz, a principal causa é a morte das células do cérebro, em especial na área conhecida como substância negra, responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor que, entre outras funções, controla os movimentos. 

O Parkinson geralmente aparece depois dos 60 anos, mas não é incomum encontrar pessoas que desenvolvem a condição antes. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 10% a 15% dos pacientes têm menos de 50.

Mas o caso do consultor é raro. Estima-se que apenas 2% dos pacientes em todo o mundo são diagnosticados com Parkinson antes dos 40. Nos EUA, onde existem dados por faixa etária, a doença está presente em 0,05% da população de 40 a 50 anos e abaixo dos 40 anos, em apenas 0,005%

De acordo com a neurologista Karime Luz, o Parkinson em pessoas mais novas pode ser resultado principalmente por fatores genéticos. 

Como assim fumar maconha?

Foi em uma visita a um dos seus clientes que o consultor ouviu falar sobre a cannabis pela primeira vez. Ao expor o seu diagnóstico, Salatiel ouviu que a resposta estaria em fumar maconha.

“Eu achei um absurdo. Eu era pastor e só ouvia coisas negativas sobre a maconha. Mas aquilo me fez pesquisar, fui ler mais sobre o assunto”, acrescenta.

O cliente ainda mostrou um vídeo famoso de um paciente que tinha os tremores amenizados quase que instantaneamente depois de utilizar o extrato da planta. 

Trata-se de um paciente chamado Larry Stmith. O seu vídeo viralizou com mais de 40 bilhões de visualizações em 2016. O aposentado, que vivia com Parkinson há 20 anos, tremia e tinha dificuldades para falar e se locomover.

É só depois de algumas gotas do óleo embaixo da língua que em questão de minutos, os sintomas diminuem.  Segundo entrevistas, Smith já havia tentado de tudo, até mesmo a cirurgia, para conter os avanços da doença.

A história de Larry Smith virou até um documentário ganhador de vários prêmios, chamado “Ride with Larry” que foi traduzido para “Viajando com Larry”, onde contou a jornada sobre o seu tratamento com a cannabis.

Melhorias além

Salatiel até falou sobre o assunto com o seu médico, mas o profissional  era muito conservador, por isso, se recusou a receitar a cannabis. Então, o consultor teve que se virar. Encontrou um amigo que poderia fazer o óleo e muitas vezes, comprava o prensado mesmo para produzir o remédio.

Quanto aos resultados, foram rápidos. Os tremores diminuíram, o apetite voltou, o aperto no peito sumiu e até as dores de cabeça. “ Tinha enxaqueca desde criança, não podia viver sem neosaldina e às vezes me causava até cegueira”, acrescenta.

A enxaqueca não é um sintoma do Parkinson, mas era uma queixa do consultor desde criança. 

Mas, felizmente, a cannabis também é utilizada para tratar a condição. De acordo com pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, o uso da cannabis no tratamento da enxaqueca é eficiente.

Por meio de sua revisão, os pesquisadores descobriram que a cannabis era 50% mais eficaz na redução da enxaqueca em comparação com os tratamentos sem cannabis. 

Os participantes que usaram cannabis reduziram o número de dias sentindo a dor e também a frequência que sentiam a enxaqueca por mês. 

O mesmo que aconteceu com Salatiel. Segundo o consultor, ele não sente mais nada. 

Tratamento escondido

Por causa do enorme estigma relacionado à cannabis, Salatiel começou a fazer o tratamento escondido. Só queria revelar quando a cannabis trouxesse resultados de fato. 

Ao ter certeza que a cannabis estava ajudando, o consultor pensou na melhor forma de contar a notícia para a família. Assim como ele, todos na sua casa só conheciam os malefícios da planta.

“Eles ficaram com medo. Nós moramos em um lugar em que há usuários de drogas na rua, e, como eles achavam que a maconha era a porta de entrada, ficaram assustados com a notícia”, diz.

Mas não demorou muito para que a esposa e as suas três filhas enxergassem a melhora do consultor. Na igreja foi a mesma coisa. Segundo ele, a conversa sobre cannabis é normal, como se fala sobre sorvete.

Hoje o consultor cultiva o próprio tratamento através de um Habeas Corpus que obteve pela justiça para extrair o óleo. Também comprou um inalador para momentos em que as crises estão mais fortes. 

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