Pequeno Yuri chama a atenção de jogador em campanha para custear tratamento

Pequeno Yuri chama a atenção de jogador em campanha para custear tratamento

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Yuri, que é vascaíno, chamou atenção do jogador Gabriel Pec, que doou uma camiseta autografada para rifar e bancar o tratamento, que inclui a cannabis medicinal. 

Foi em um vídeo jogando bola que Yuri Conceição de Oliveira Almeida, de oito anos, foi notado pelo jogador do Vasco, Gabriel Pec. Ao ver a paixão do garoto pelo futebol, não pensou duas vezes em enviar uma camiseta sua para a criança.

Assim como o pai, Yuri já nasceu vascaíno. Além de jogar bola, ele também gosta de brincar e é a estrela do Yuri Guerreiro, um instagram feito só para mostrar o dia a dia da criança. Nos últimos tempos, a rede social também serve para arrecadar fundos  para o seu tratamento com a cannabis medicinal e outros remédios.

Na última semana, eles leiloaram uma camiseta oficial do Vasco autografada por todos os membros do time, além de uma placa comemorativa de caravela vascaína e um boné da Kappa.

Comorbidades

Yuri nasceu com Microcefalia, uma condição causada por malformação congênita Ela é caracterizada pelo tamanho da cabeça dos bebês, que nascem bem menores que o padrão.

Ela também traz complicações no aprendizado e no desenvolvimento motor. Devido a má formação do cérebro, é comum crianças com a condição desenvolverem crises.

Ela pode ocorrer em até 50% dos casos de qualquer tipo de microcefalia. Principalmente nos primeiros anos de vida, segundo a neuropediatra Ana Carolina Coan ao portal da BBC Brasil.

Anos depois, a família também descobriu que a criança tinha autismo, um transtorno neurológico que causa déficit na comunicação social.

Ela pode envolver dificuldades com a socialização, conversa e comunicação não verbal. E ou também um déficit no comportamento, como movimentos repetitivos e interesses restritivos.

“Descobrimos a microcefalia dele com três meses e autismo ele estava na faixa dos quatro para cinco anos”, ressalta a mãe, Rafaela Silva.

 Dificuldades para obter o óleo à base de cannabis

Embora centenas de pacientes tratem alguma condição com a cannabis no Brasil, os médicos ainda estão divididos quanto a sua eficácia. Isso porque os estudos sobre o assunto ainda são recentes.

Por isso, a família demorou dois anos para encontrar algum médico que prescrevesse o óleo feito com a planta. 

“Já tem um tempo que sabemos do  Canabidiol (CBD), demoramos um pouco para conseguir um neuro que indicasse e desse a receita.Todos que acompanhavam o Yuri nunca quiseram, mas graças a Deus esse ano mudamos de neuro e conseguimos”, ressalta a mãe.

Yuri começou a usar um óleo feito com o canabidiol e 0,3% de tetraidrocanabinol (THC ), o componente da  cannabis que gera os efeitos alucinógenos. No entanto, o óleo é importado, junto com o frete a família pagou quase mil reais. 

Isso porque o acesso no Brasil é bem restrito. No final de 2019, a venda de produtos à base da planta nas farmácias foi aprovada, mas não acessível. Os óleos disponíveis tem um custo elevado, que pode chegar a dois salários mínimos. 

Melhoras notórias e significativas

Apesar do óleo de cannabis ser conhecido principalmente como anticonvulsivo, a família escolheu o método alternativo para ajudar no autismo da criança. 

A mãe conta que poucos dias com a administração do óleo, já foi possível ver a diferença. “Percebi melhoras no sono dele , as crises comportamentais estão menores”, ressalta. 

Apesar de inúmeras histórias assim, o uso da cannabis para o tratamento do autismo ainda não é cientificamente comprovado. Mas isso não quer dizer que os estudos não tenham mostrado resultados positivos. 

Em 2019, uma pesquisa israelense para medir a eficácia da cannabis no tratamento da condição foi desenvolvida ao longo de todo o ano.

 Em janeiro e maio, os pesquisadores buscaram entender os efeitos do canabidiol a longo prazo.  Para isso, os pacientes do estudo passaram por uma espectroscopia de ressonância magnética, que mostrou que o sistema de inibição e excitação dos autistas responde de forma particular, o que resultou em mais estudos.

Outras duas pesquisas realizadas em setembro e outubro relataram melhorias, principalmente no sono, nos déficits de comunicação e convulsões.

Mas o que mais chamou atenção foi as melhoras cerebrais que antes não haviam sido exploradas. Mais um exame de ressonância magnética nos pacientes mostrou que o óleo de CBD melhorou significativamente algumas atividades cerebrais em locais específicos.

O exame magnético foi feito também em pessoas sem autismo e não mostrou alterações com o uso do canabidiol. Isso prova de certa forma que o produto tem o poder de alterar atividades cerebrais em áreas afetadas do autismo.

Rifa

Os custos com crianças que demandam cuidados especiais é três vezes maior que o comum, pois demandam uma alimentação especial, remédios, especialistas e em alguns casos até fraldas. 

Por isso, colocar mais mil reais nos gastos com o Yuri não seria fácil. Antes do jogador Gabriel Pec entrar em contato, a família já fazia rifas para custear os tratamentos da criança.

Contudo, o momento em que o jogador do Vasco  entrou em contato não poderia ser mais oportuno. Primeiro ele enviou uma camiseta para a criança por causa do vídeo de Yuri jogando bola. A ação virou destaque no jornal local. 

Quando soube da situação, ele resolveu doar uma camiseta autografada por todos os membros do time. 

O sorteio aconteceu no primeiro domingo de julho e a família conta que conseguiu um bom valor para custear o tratamento por um tempo.

Isso porque o uso do óleo de cannabis é  contínuo, e um frasco dura aproximadamente um mês. 

 

  

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