Paciente substitui remédios pela cannabis ‘eu gostaria que todo o brasileiro tivesse esse direito’

Paciente substitui remédios pela cannabis ‘eu gostaria que todo o brasileiro tivesse esse direito’

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Depois de utilizar mais de 10 remédios para controlar as dores, Bianca encontrou qualidade de vida na cannabis medicinal

Paciente substitui remédios pela cannabis ‘eu gostaria que todo o brasileiro tivesse esse direito’ Foto: Arquivo Pessoal

Bianca Brancaglion, de 25 anos, sempre teve uma sensibilidade grande à dor, mas os médicos nunca souberam quais eram as causas. Até ela ficar internada por crises agudas que a levavam ao desmaio.

As dores afetavam todo o seu corpo e não a deixavam sequer se mexer direito. Para tentar conter as crises, Bianca passou por medicações pesadas, como o tramal, morfina, quetamina, metadona e até fentanil.

“Eu cheguei num ponto de precisar tomar quase 100 mg por dia de metadona, um remédio mais forte que a morfina”, acrescenta.

Tentativa de tratamento

O seu diagnóstico foi de fibromialgia, mas os médicos também descobriram algumas outras condições reumatológicas que intensificam ainda mais as dores. 

Como por exemplo, uma displasia congênita no quadril direito, que se espalhou para a lombar. Trata-se de um defeito congênito nos ossos que não se desenvolveram de forma correta e consequentemente, causam dores. 

Leia também: Fibromialgia e Cannabis: tratamento, benefícios e estudos

Ao todo, Bianca precisou utilizar 14 remédios diferentes. Alguns, apenas para conter os efeitos colaterais do outro, como medicações psiquiátricos. Ainda assim, a jovem não tinha qualidade de vida.  

Os remédios também mexeram com o seu pâncreas e o seu fígado. Em apenas quatro anos de tratamento, ela expeliu cerca de 20 pedras, além de retirar mais 12 através de uma cirurgia. 

“Os remédios estavam desgastando tanto o corpo dela, que o médico disse que ela tinha só seis meses de tratamento. Se continuasse assim, a primeira coisa que teria que fazer era colocá-la na lista de transplante de fígado”, comenta o seu noivo Kaique Araújo, 25.

A cannabis como tratamento

O uso da cannabis aconteceu primeiro pelo seu noivo. Depois de uma crise forte de ansiedade, Kaique passou a tomar remédios como o escitalopram para ajudar no alívio da condição, mas parece que nada era o bastante. 

Até ele experimentar o famoso  baseado. “Fiquei tão bem. Passei um final de ano super tranquilo, sempre fui muito acelerado e me ajudou”, acrescenta. 

Mudanças que foram notadas até pela noiva. “Antes ele era um Kaique, depois do óleo é outro totalmente diferente, e pra melhor”, ressalta. 

Bianca queria se sentir bem também. Por isso, o casal começou a pesquisar um pouco mais sobre o uso da cannabis como tratamento. 

Não demorou muito para que eles se inscrevessem no curso da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e aprendessem um pouco mais sobre a ação das substâncias da planta no organismo. 

O curso começou na zona leste de São Paulo, na paróquia do famoso Padre Ticão. Mas  cresceu e hoje, tem edições on-line que ensinam sobre cannabis para milhares de pessoas no país. 

Em busca do óleo ideal

Bianca e Kaique também fizeram outros cursos, buscaram associações e começaram a seguir influencers que falavam sobre o assunto para aprender mais sobre as propriedades da cannabis. 

Até conseguirem os seus primeiros óleos feitos da planta. Começaram a utilizar o extrato, depois migraram para o óleo que passou a ser comercializado nas farmácias, produtos  de associações e óleo importado. 

Ao contrário do que muitos pensam, os produtos de cannabis não são todos iguais. Alguns contém mais CBD (canabidiol), outros mais THC (tetrahidrocanabinol) ou outras substâncias presentes na cannabis. 

Isso, sem contar a concentração do produto, que varia. A forma que o organismo do paciente recebe e absorve a medicação também é única. 

Por isso, chegar a uma dose ideal leva tempo. No caso de Bianca, não foi diferente. Ela conta que demorou um ano até encontrar um tratamento que funcionasse para ela de forma adequada. 

Paciente substitui remédios pela cannabis ‘eu gostaria que todo o brasileiro tivesse esse direito’
Foto: Arquivo Pessoal

Melhoras visíveis

Depois de encontrar a dosagem certa, a retirada das outras medicações foi gradual. Aos poucos foi deixando os medicamentos e hoje só utiliza dois remédios, mas que busca o desmame. 

Se antes, ficava boa parte do seu tempo na cama, hoje tem mais disposição para se movimentar. Bianca precisava utilizar uma bengala  para se apoiar por causa da dor e da tontura. Embora ainda utilize, o uso é menos frequente. 

Mudou a minha vida, eu sou outra pessoa.”, acrescenta. “Usei medicamentos para pessoas de oncologia terminal, mas foi um óleo que salvou a minha vida”. 

Preconceito

Apesar dos benefícios, o casal ainda precisa lidar com o preconceito. Kaique conta que chegou a discutir com um médico por causa da cannabis. O pai de Bianca também parece ser resistente ao tratamento, mesmo vendo as melhoras da filha. 

A mãe de seu noivo também se recusa a utilizar a cannabis que poderia ajudá-la no tratamento contra um câncer.

Preconceito que Bianca enfrentou até no trabalho. Mesmo mostrando o laudo e as suas receitas de cannabis, quase testou positivo para drogas em um exame toxicológico exigido pela empresa. “Eles não sabem como agir com um paciente que utiliza a cannabis”, comenta.

 Mesmo enfrentando o preconceito, o casal busca o famoso salvo-conduto, ou seja, uma habeas corpus judicial para plantar cannabis sem ser preso por isso.  A ideia é plantar em casa e produzir o próprio remédio.

“Eu gostaria que todo o brasileiro tivesse esse direito, que seja distribuído pelo SUS, que todos nós consigamos vencer essa luta”, conclui. 

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