Mãe de três filhos usa cannabis para metástase “Eu nem lembro que tenho câncer”

Mãe de três filhos usa cannabis para metástase “Eu nem lembro que tenho câncer”

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Catarina Leal teve câncer de mama e depois metástase nos ossos. Contudo, a cannabis foi importante para que ela não tivesse efeitos colaterais

Paciente usa cannabis para metástase “Eu nem lembro que tenho câncer”
Paciente usa cannabis para metástase “Eu nem lembro que tenho câncer”
Foto: Arquivo Pessoal

Catarina Leal, de 41 anos, descobriu um câncer na mama esquerda aos 37. O tipo de câncer não era tão incomum e normalmente tem 95% de cura. Mas o problema é que o tumor já tinha avançado e se tornado maligno. 

Mãe solo de duas filhas na época, a dona de casa conta que não pode nem chorar ao receber a notícia, pois as suas filhas estavam com ela e a mãe não podia demonstrar o medo que sentia. 

Mais tarde, descobriu ainda, uma metástase nos ossos, o que a fez ingressar em um tratamento ainda mais agressivo com quimioterapia e radioterapia. Tratamento que precisa enfrentar até hoje. 

Mas tudo mudou quando Leal começou a usar a cannabis como um tratamento paliativo para conter os efeitos colaterais das medicações para o tumor. Em pouco tempo, as dores sumiram, também já não vomitava mais e tinha apetite para se alimentar. 

“Fiz as 16 sessões de quimioterapia, o tratamento foi ótimo. Fiquei boa, segui com a cannabis, porque me deixava tranquila e eu não tinha que entrar em tarja preta”, acrescenta. 

Convivendo com câncer 

O carcinoma ductal não específico é o tipo mais comum de câncer de mama, atingindo 75% das pessoas que contraem o tumor nessa região do corpo. Contudo, também é o tipo de câncer mais invasivo.

Quando detectado em um estado mais avançado, por exemplo, as chances de cura que estavam em 90%, caem para 40%. 

Mas Catarina Leal não queria dar o braço a torcer. A mulher recordou que o seu pai já teve dois cânceres e era muito amigo de um homem considerado doido há 30 anos por falar de cannabis medicinal. 

Ao sentir os efeitos colaterais da segunda sessão de quimioterapia, ela já estava decidida.  “Eu disse ao meu pai: eu vou procurar a maconha, eu não vou passar mal, eu vou viver, tudo o que for pra fazer eu vou fazer”, lembra.

Tratamento perfeito

O único acesso que ela tinha era o baseado e de forma fumada, mas já era alguma coisa. Contudo, o resultado não poderia ser diferente. Catarina Leal parou de vomitar, não sentia as dores do tratamento e tinha qualidade de vida.

Até que em 2021 a dona de casa engravidou pela terceira vez. Embora estivesse tomando várias medicações pesadas do tratamento, ela não sabe até hoje como conseguiu  gerar uma criança. Embora desconfie que a cannabis teve o seu papel nisso. 

Por causa da gestação, teve que interromper o tratamento contra o câncer, mas não abriu mão da cannabis, usou a gravidez inteira.

É importante ressaltar que falar de cannabis e gravidez ainda é um problema. Isso porque não há estudos que comprovem a qualidade dos produtos durante a gestação e as pesquisas relacionadas à maconha, mostram alguns resultados negativos. 

Leia também: Cannabis ajuda paciente com câncer ‘Foi um tratamento perfeito’

Mas parece que esse não foi o caso para Catarina Leal. “Foi uma gravidez perfeita, ela nasceu linda e com muita saúde”, acrescenta.

“A cannabis me traz qualidade de vida apesar de um câncer. Ela não veio pra eu ficar calada, mas para expandir isso e dizer que existe sim vida apesar de um câncer. E eu ainda engravidei. Só com um peito dei de mamar a minha filha e tirei três nenenzinhos da UTI neonatal de um hospital, pois mandava o leite e consegui salvá-los na época da pandemia de covid.” 

Descobrindo uma metástase

Não demorou muito para que o hospital ligasse para que ela retornasse ao tratamento contra o câncer, já que teve que interromper por causa da gestação. Refizeram os exames e ela estava limpa, sem o tumor. 

No entanto, dois meses depois, Catarina voltou a sentir dor. “Fiz os exames e estava tomada de metástase nos ossos da cabeça aos pés. Foi praticamente em dois meses.” relembra.

O câncer nos ossos é uma doença rara, silenciosa e que corresponde a 1% de todos os tipos de cânceres. O tumor pode surgir em qualquer osso, mas é mais comum nas vértebras, ossos da bacia, fêmur, tíbia, úmero, costelas e joelhos. 

“A minha médica já me chamou pra conversar e falou: olha, não tem mais cura. A gente vai tratar, hoje você está com uma doença crônica e um tratamento paliativo.” relembra a dona de casa.

Utilizando o óleo de cannabis 

De repente, Catarina Leal se viu começando tudo de novo. Mas dessa vez, de forma ainda mais intensa. As dores eram maiores e os sintomas do tratamento também. 

Quem lhe apresentou o óleo de cannabis foi uma amiga. Até então ela só utilizava a planta de forma fumada. Mas ela não perdeu tempo e comprou o óleo.  A melhora veio em apenas quatro dias. Todas as dores e vômitos sumiram tão rápido quanto chegaram.

Mas a médica que a acompanhava ainda era bastante cética. Precisou que ela visse a paciente expelir um cálculo renal sem sentir nenhuma dor para perceber os benefícios da cannabis como tratamento. 

Paciente usa cannabis para metástase “Eu nem lembro que tenho câncer”
Paciente usa cannabis para metástase “Eu nem lembro que tenho câncer”
Foto: Arquivo Pessoal

“Quando ela (a médica) chegou a ver tudo isso, ela mesma prescreveu cannabis para um paciente que chegou no consultório com metástase ósseo também reclamando de dor. Quando eu cheguei no consultório, ela mesma disse que prescreveu maconha”, conta Leal.

“Paradigmas, estão aí para a gente quebrar. Eu acredito muito que Deus me deu uma missão com essa enfermidade, pq eu uso ela como uma voz.”

 “Eu não lembro que tenho a doença”

Hoje, a mãe de três meninas faz o uso de um coquetel de remédios relacionados à quimioterapia, além de imunoterapia e hormonioterapia. Emagreceu 20 quilos e toma um ácido para fortalecer os ossos. Mas não sente nada.

“Hoje eu tenho qualidade de vida. Graças a cannabis, eu não lembro que tenho a doença. Eu não tenho dores, eu não tomo uma dipirona, eu nunca tomei um tramadol, eu não sei o que é morfina”, relata.

Catarina Leal conseguiu na justiça que o SUS (Sistema Único de Saúde) custeasse o seu tratamento através da associação Abrace Esperança, uma das primeiras instituições a cultivar cannabis no Brasil.

Recentemente, a entidade recebeu o direito de vender flores de cannabis para os seus associados e a história da Catarina Leal foi usada como exemplo no processo autorizado pelo juiz. 

“Através da minha história eu consegui tirar uma amiga do hospital. Ela já estava há mais de 300 dias internada, mas começou a usar o óleo está bem. Então eu acredito que esse propósito me move e eu não vou calar”, diz. 

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