Devemos Padronizar?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Com a experiência que um curto espaço de tempo foi gentil em me gerar, tenho refletido sobre o desafio do acompanhamento do paciente. Em menos de 1 ano prescrevendo, tive a sorte de engrenar rápido um número relevante deles e ministrar cerca de 10 eventos sobre o tema para colegas das mais diversas especialidades.

O panorama atual é de médicos que em sua maioria já entendem um potencial no CBD(canabidiol) em trazer benefícios para a vida dos seus pacientes, mas MUITAS dúvidas costumam a se instaurar nas aulas. A clássica é “como 1 mL não dá 20 gotas?”.

Mais um obstáculo?

Hoje vivemos um momento com grande parte das prescrições vindas da RDC 327 (de farmácia) e 660 (importados) sendo que nas duas maneiras temos diversas arestas a serem aparadas.

Tendo a crer que a maioria das prescrições nacionais advém da 660 pela questão do custo-benefício e nela, pela sua enorme variedade de pipeline, residem diversos desafios. O que mais salta os olhos é a diversidade no número de gotas/mL, sendo que a maioria dos colegas que eu conheço contabilizam com miligramas/gota (mg/gota).

Quando a prescrição é “nacional”, com compra em farmácias, noto a discrepância entre concentração de canabinoides totais e CBD/mL, com algumas empresas possuindo 200 mg/mL mas apenas 1,57 mg de CBD/gota, enquanto as da RDC 660 com 200 mg/mL possuem 6 mg de CBD/gota; sendo ambas apresentações full spectrum.

Além do preconceito que a planta já sofre passamos por mais esse obstáculo, que parece ter sido montado justamente para criar confusão na cabeça dos médicos e pacientes. Isso é sobre acesso.

Não é sobre mais consultas

Agora, sobre seguimento do paciente, temos um desafio ainda maior: o aumento dos prescritores têm gerado uma perversão de mercado com mutirões de consultas e colegas anunciando “como bombar seu consultório” ou entidades ensinando “como parar de dar plantões”.

Isso não é disseminar conhecimento, é anti-ético. Fica claro quem quer vender consultas e quem tem uma missão.

Algumas empresas, que lembram do paciente, tem um programa de seguimento que ajuda a manter o controle sobre a dose terapêutica como o “Cannect Cuida” e certos laboratórios que operam via 327 tem pensado no benefício de ter uma assistência continuada.

Independente da RDC creio que quem não tiver programas similares tende a ter um número menor de recompras, já que é o que descaradamente mais importa.

Quem ensina a cuidar?

Ainda acredito que certos níveis de monitoramento podem ser obtidos por softwares de inteligência artificial (IA), de maneira a permitir ao paciente um feedback que tenha a atenção merecida, o que as vezes é um problema da minha prática também.

Também creio que a IA não superará a necessidade de profissionais da saúde que são essenciais, como farmacêuticos e enfermeiros nesse cuidado.

De qualquer maneira fica a provocação: muitos ensinam a prescrever, mas quem ensina a cuidar? Se você quiser que eu ainda fale sobre, me deixe saber. Se não, peço que pelo menos se importe com o avanço da medicina canabinoide para além do contexto econômico.

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