Maconha na adolescência não está associado a piores resultados educacionais, segundo estudo

Maconha na adolescência não está associado a piores resultados educacionais, segundo estudo

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Pesquisadores realizaram um estudo de coorte com milhares de indivíduos

Maconha na adolescência não está associado a piores resultados educacionais, segundo estudo
Foto: Reprodução

O consumo de álcool na adolescência está associado a um menor nível de escolaridade na idade adulta, enquanto o uso de maconha não, segundo um novo estudo publicado na BMC Public Health.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores de três universidades finlandesas investigaram associações entre o uso de álcool e cannabis por adolescentes e o subsequente nível de escolaridade em uma coorte de mais de 7.700 indivíduos.

A análise dos dados obtidos a partir de um estudo multidisciplinar de coorte de nascimentos, do registro nacional de educação e questionários que os participantes receberam durante o estudo de campo revelou que o uso frequente de álcool durante a adolescência foi associado a piores resultados educacionais aos 33 anos de idade.

Sem ligação com a maconha

Já o consumo de maconha ao longo da vida até os 16 anos não teve ligação com o nível de escolaridade na idade adulta, após o ajuste dos fatores de confusão.

Segundo os autores, quando as variáveis foram controladas, o uso de cannabis “não foi associado de forma estatisticamente significativa a menores probabilidades de escolaridade universitária”.

“Neste grande estudo de coorte de nascimentos com acompanhamento de 17 anos, idade mais jovem na primeira intoxicação, maior frequência de intoxicação por álcool e alta tolerância ao álcool autorrelatada aos 15/16 anos de idade foram associadas a piores resultados educacionais na idade de 33 anos. Estas associações adversas foram evidentes independentemente de uma série de potenciais fatores de confusão, tais como problemas comportamentais/emocionais aos 7/8 anos de idade e nível de escolaridade dos pais. A associação entre o uso de cannabis ao londo da vida dos adolescentes e o nível de escolaridade na idade adulta não foi mais estatisticamente significativa após o ajuste para possíveis fatores de confusão, incluindo o uso de álcool”, escreveram no artigo.

A conclusão do estudo é de que avaliações da idade da primeira embriaguez alcoólica, alta tolerância ao álcool autorrelatada e frequência de intoxicação por álcool durante a adolescência devem ser incluídas na implementação de estratégias de triagem destinadas a identificar adolescentes em risco de problemas sociais subsequentes.

O uso de maconha durante a adolescência também não é um fator de risco para o desenvolvimento de psicose na idade adulta, segundo descobertas anteriores.

Um estudo publicado em 2022 no Journal of Abnormal Psychology não encontrou evidências de um efeito da cannabis no psicoticismo ou em qualquer uma de suas facetas em modelos de controle de cogêmeos que compararam o gêmeo que usa mais maconha com o gêmeo que usa menos.

“Embora o uso e o transtorno por uso de cannabis estejam consistentemente associados ao aumento do risco de psicose, os presentes resultados sugerem que essa associação é provavelmente atribuível a confundimentos familiares, e não a um efeito causal da exposição à cannabis”, escreveram os pesquisadores da Associação Americana de Psicologia.

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