Leucemia: a cannabis pode ajudar no tratamento?

Leucemia: a cannabis pode ajudar no tratamento?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

O uso da cannabis tem crescido inclusive entre pacientes com câncer, como leucemia. Mas será que a cannabis pode ajudar no tratamento?

Leucemia: a cannabis pode ajudar no tratamento?
Foto: Freepik

Após a campanha do janeiro branco, nós entramos no pouco conhecido fevereiro laranja, um mês inteiro usado para conscientizar sobre o câncer mais frequente entre os pacientes infanto-juvenis: a leucemia.

A doença é rara, o risco de alguém contrair a condição em alguma época da vida é de 1%. Ainda assim, a estimativa é de mais de 11 mil casos entre 2023 a 2025, de acordo com um levantamento do INCA (Instituto Nacional do Câncer).

A taxa de letalidade também não é boa. Ainda segundo dados do órgão, 40% das pessoas diagnosticadas com leucemia podem vir a óbito. 

Mas o que de fato é a tão temida leucemia?

De acordo com a generalista e prescritora de cannabis medicinal, Danielle Rabelo Gonzalez, a leucemia  é um tipo de câncer que gera má formação dos glóbulos brancos, também conhecidos como células de defesa. 

“A partir desse erro na medula óssea, há um acúmulo dessas células, causando sintomas como febre, enjoo, fraqueza, dor, sangramentos e perda de peso”, acrescenta.

A médica ainda explica que existem 12 subtipos do câncer, divididos entre agudos e crônicos. Entre os principais estão: 

A leucemia mieloide aguda (LMA) – Trata-se de uma série de mutações genéticas nas células-tronco mieloides que resultam na formação de blastos, ou seja, células que ficam “presas” em estágios anteriores ao amadurecimento e ainda passam a se multiplicar de forma descontrolada. Os blastos também se desenvolvem de forma rápida e passam a atrapalhar as células saudáveis. 

Leucemia mieloide crônica (LMC) –  Neste caso, há uma superprodução dos glóbulos brancos, o que pode causar muitos problemas.  Aqui, a doença se manifesta de forma lenta e torna-se crônica. 

Leucemia linfoide aguda (LLA) – Este é o tipo de câncer mais comum na infância, mas as suas causas ainda não são completamente esclarecidas. Ela basicamente surge quando aparecem células danificadas na medula óssea.  

Leucemia linfoide crônica (LLC) – Acontece quando os linfócitos passam a se desenvolver de forma descontrolada e não realizam mais as suas funções. Ela é crônica porque cresce junto com as células saudáveis.

Tratamento

Assim como em vários tipos de cânceres, o tratamento é feito a partir de quimioterapia, que tem a finalidade de destruir as células leucêmicas da medula óssea para que ela volte a produzir células normais.

O uso de outros medicamentos também pode ser necessário. Ou até mesmo um transplante de medula óssea, caso haja resistência aos tratamentos. Tudo vai depender do tipo de leucemia e do avanço da doença no organismo.

Cannabis como tratamento

De acordo com a médica generalista, a cannabis pode sim ser uma opção para tratar a leucemia em diversos aspectos, mas como terapia complementar. 

Sua principal ação que tem evidência científica é no auxílio aos efeitos colaterais da quimioterapia. 

“Ou seja, ajuda a melhorar o apetite, reduzir náuseas e melhora da dor. Também pode auxiliar a dormir melhor e diminuir sintomas do sofrimento emocional que envolve o processo da doença e tratamento, como a ansiedade e depressão”, exemplifica.

Segundo uma pesquisa publicada pelo NCBI (Centro Nacional de Biotecnologia dos Estados Unidos), a cannabis pode melhorar os sintomas de fadiga, perda de peso, anorexia e disfunção sexual que eventualmente ocorrem com alguns pacientes oncológicos.

Também de acordo com outro estudo da Escola de Medicina de Harvard, os fitocanabinoides podem melhorar a qualidade do sono e a função cognitiva de pacientes com câncer. 

Quem pode usar a cannabis?

A médica ressalta que a cannabis com um acompanhamento médico é recomendada para quase todos os tipos de pacientes, exceto gestante e lactantes, em que é preciso ser avaliado o risco-benefício de cada caso.

Segundo ela, não há uma dosagem única ou fórmula certa de cannabis, mas é necessário avaliar qual o melhor princípio ativo e qual é a opção mais segura. Isso porque a cannabis funciona de formas diferentes.

“Crianças e idosos, por exemplo, devem ser avaliados com cautela em relação ao THC. Mas essa resposta depende da avaliação do médico prescritor”, diz.

A cannabis pode matar células cancerígenas?

Alguns estudos em animais e in vitro já mostraram que a cannabis tem a capacidade de matar células cancerígenas, ao mesmo tempo em que protege as células saudáveis.

O assunto ganhou repercussão depois que  o próprio Instituto Americano do Câncer admitiu que a planta pode matar as células cancerígenas, além de impedir o crescimento de novas células.

A posição veio depois de um estudo de dois anos em ratos com câncer, onde a princípio, foi percebido uma diminuição do tumor dos bichos. Eles receberam altas doses de THC (tetrahidrocanabinol). 

Após a pesquisa, outros estudos também revelaram resultados positivos. Por outro lado, a médica ressalta que as pesquisas ainda não são suficientes para bater o martelo. 

“Ainda é necessário fazer mais estudos robustos para comprovação científica e para que possamos usar como tratamento, porém fico esperançosa com isso. Eu já vi a apoptose de células cancerígenas pessoalmente no intercâmbio que fiz na Áustria e é realmente incrível o poder da cannabis”, relata.

Efeitos colaterais

Embora a cannabis possa ajudar a reduzir os sintomas da quimioterapia, a médica ressalta que os produtos feitos com a planta também não estão isentos a efeitos colaterais, que mudam de acordo com a substância utilizada, seja o CBD (canabidiol) ou o THC.

“O CBD, por exemplo, pode dar sintomas de boca seca, dor de estômago, diarreia e diminuição do apetite. Já o THC pode dar sintomas psicoativos como agitação, euforia, alterações no humor, alucinações, aumento do apetite. Claro que tudo depende da dose e forma de uso”, acrescenta.

Porém, se acompanhado por um médico, os efeitos podem ser mínimos ou nem aparecer.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas sobre cannabis medicinal e até te ajudar a marcar uma consulta com a dra Danielle Rabelo Gonzalez.

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