Há alguma interação entre maconha e antibióticos?

Há alguma interação entre maconha e antibióticos?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Embora haja alguns antibióticos que podem causar efeitos adversos, a cannabis também pode ser útil no combate de superbactérias.

Volta e meia acontece algum problema em que precisamos recorrer aos antibióticos. Eles são medicamentos que revolucionaram a medicina no combate à bactérias. Por outro lado, podem interagir e até cortar o efeito de várias outras substâncias.

O consumo de álcool, por exemplo, pode atrapalhar a absorção de alguns remédios pelo fígado, como os antibióticos e anticoncepcionais. 

Não é possível afirmar que ele realmente corte o efeito dos medicamentos, mas pode sobrecarregar o órgão, que pode não absorver direito o antibiótico.

Mas e em relação à maconha?

Foto: Freepik

Interação de antibióticos e maconha 

De acordo com a médica especializada em medicina integrativa, Paula Reichert, há alguns tipos de antibióticos que podem aumentar os efeitos tanto do Tetrahidrocanabinol (THC) quanto do Canabidiol (CBD). 

Trata-se das duas principais substâncias encontradas na cannabis. O THC, por exemplo, é conhecido como o principal responsável pelos efeitos alucinógenos da maconha. 

Contudo, como no caso do álcool, há alguns antibióticos que podem causar a interação, como:

Claritromicina

O antibiótico é utilizado para o tratamento de infecções respiratórias, como faringite, bronquite, sinusite e pneumonia. Além de infecções na pele, como foliculite, celulite e erisipela.

Eritromicina 

Também usada para o tratamento de infecções respiratórias, o antibiótico pode ser útil para faringite, laringite, acne, conjuntivite, sífilis e até algumas alergias.

Sulfonamidas

O antibiótico, usado em infecções virais, serve para o tratamento de infecções urinárias, otite, pneumonia, sinusite, micose e infecções graves. 

Como acontece a interação? 

O nosso organismo produz enzimas, que são responsáveis por oxidar (modificar) algumas moléculas, a fim de torná-las mais solúveis e fáceis de serem eliminadas do organismo. 

De acordo com a médica, o THC e o CBD inibem algumas enzimas do citocromo P450, então, várias substâncias metabolizadas por estas enzimas, acabam tendo metabolismo mais lento, ficando mais tempo no corpo.

O que acaba potencializando o efeito das substâncias no organismo. As Sulfas podem ainda aumentar especificamente o nível de THC. 

É importante ressaltar que  os canabinoides da planta também  inibem a atividade das enzimas CYP, que pode resultar na diminuição dos efeitos de outros tipos de remédios. 

Cannabis como antibiótico

Por outro lado, a médica também acrescenta que os canabinoides da planta podem potencializar os efeitos dos antibióticos. 

“Se pensarmos que alguns fitocanabinoides têm efeito antimicrobiano (bactérias, fungos e vírus), estariam colaborando com antibióticos no tratamento de infecções”, diz. 

Estudos

Cientistas australianos do Instituto de Biociência Molecular da Universidade de Queensland descobriram pela primeira vez as propriedades antibióticas no canabidiol.

Publicada nesta semana no Comunications Biology, o estudo feito mostrou que a substância foi capaz de matar algumas bactérias, como gonorreia, meningite e doenças do legionário (tipo grave de pneumonia).

Um marco importante, uma vez que os antibióticos atuais não são capazes de tratar a infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que causa a Gonorreia.

Contra superbactérias

Em janeiro deste ano, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP) divulgou um novo estudo feito em laboratório, que demonstrou a eficácia do CBD combinado a antibióticos no combate à superbactéria.

A pesquisa, publicada em abril na revista Scientific Reports, do grupo Nature, testou o CBD junto a polimixina B, antibiótico já utilizado nos hospitais para o tratamento de infecções hospitalares graves. 

A pesquisa brasileira ainda demonstrou que o canabidiol sozinho foi eficaz contra bactérias como a Staphylococcus, que pode causar de faringite e endocardite; Enterococcus, que pode afetar o aparelho digestivo e urinário e Streptococcus, que pode provocar faringite, escarlatina, febre reumática, até pneumonia e meningite.

Consulte um médico

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que inclusive, poderá indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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